Ainda durante o seminário sobre o modelo de progressão da aprendizagem em mídia-educação (veja na postagem anterior), Cary Bazalgette, que foi diretora do departamento de Educação do British Film Institute até 2007 e hoje trabalha como consultora free-lancer em mídia-educação, apresentou resultados de um projeto chamado “Persistence of Vision (POV)”. O projeto foi executado pela Media Education Association, com recursos do UK Film Council’s, da organização Creativity Culture Education e apoio de três autoridades locais de Devon, Norfolk e Worcestershire.
O objetivo do POV é integrar conhecimentos de mídia ao currículo da escola primária, particularmente nas aulas de inglês. A atividade apresentada inseriu técnicas de animação no estudo da linguagem poética.
A equipe partiu de três questões: 1. Como desenvolver habilidades criativas e capacidades para analisar criticamente o resultado da criatividade? 2. Qual é a pedagogia apropriada para tanto? 3. Quais são os recursos técnicos mais simples que podem ser usados?
Usando editores de vídeo simples como o MovieMaker e repositórios de som disponíveis na internet, alunos e professores podem se engajar na produção de pequenos vídeos que exercitam elementos da linguagem da video-arte.
Cary apresentou produções que foram resultado de uma atividade na qual os professores e seus alunos deveriam escolher um som não verbal e construir uma animação sobre ele. Este foi um dos resultados:
Space Moves from Gail West on Vimeo.
Atividades como essa, segundo os coordenadores do projeto, criam as seguintes demandas:
– Aprender a animar um objeto inanimado e dar a ele significado e emoção;
– Identificar, caracterizar e apresentar a essência de algo ou alguém;
– Saber ajustar o tempo e o ritmo, o que implica em tomar decisões para comprimir ou estender o tempo real e arcar com as consequências das escolhas.
Em termos de habilidades desenvolvidas ou exercitadas, eles destacam essas:
– Compreender como funcionam composição e enquadramento;
– Compreender a linguagem das cores e das formas;
– Manipular aspectos técnicos e materiais artísticos;
– Combinar voz, música e sons incidentais;
– Discutir criticamente questões de estilo, técnica e significado;
– Trabalhar com o surreal e o metafórico.
Os depoimentos dos estudantes parecem corroborar a posição dos pesquisadores, de que as atividades que unem mídia-educação, artes e literatura dão às crianças experiência para lidar de maneira criativa com a linguagem, refletir sobre questões de meta-linguagem e aprender a ler mensagens midiáticas com mais atenção:
“Animar uma poesia obriga você a penser no significado das palavras, para depois encontrar uma imagem para aquele significado e colocar tudo no tempo certo”.
Trata-se de uma proposta trabalhosa, porém gratificante mas que, segundo os autores, tem no currículo o maior obstáculo. “O currículo da escola primária é muito estreito e difícil de contemplar a mídia-educação”, nas palavras dos autores.